Páginas

Universidade do Mississipi e Embrapa estudam estratégias de descobrimento de novos pesticidas naturais

Embrapa

A Universidade do Mississipi, pelo Programa Ciência sem Fronteiras e os Laboratórios de Microbiologia Ambiental e de Química da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) iniciaram em 2013 um projeto que irá desenvolver novos pesticidas naturais ou mesmo medicamentos.

Conforme Antonio Cerdeira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e participante do projeto, depois de coletar plantas, raízes e até o solo, esse material é fotografado e identificado e segue para o laboratório para análise.

Como exemplo, Cerdeira cita o descobrimento de uma planta usada para produção de medicamentos contra leucemia pela Universidade de Mississipi.

“Esse remédio é extraído de uma planta da Índia e como resultado do trabalho da Universidade, foi descoberta uma espécie relativa do mesmo gênero, que, extraída nos EUA, mostrou possuir esse mesmo composto, o podofilotoxina”.

“Além disso, foi descoberto também que esse composto está na folha dessa planta. A equipe, então, desenvolveu meios de cultura de tecido eficiente de reprodução para conseguir o composto específico, sem danificar a natureza”.

Nessa parceria com a Embrapa, há também um estudo desenvolvido pela doutoranda Suikinai Nobre, orientada por Itamar Melo, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, que busca na Caatinga compostos em micro-organismos (fungos e bactérias) endofíticos similares ao de uma planta da África que já demonstrou ser eficiente para tratar alguns tipos de cânceres.

A diversidade genética dos ecossistemas tem sido usada para solucionar problemas na área da saúde, da agricultura e do meio ambiente”, diz Suikinai. “Deve-se lembrar que a Caatinga é um bioma exclusivo do Brasil, não existindo em nenhum outro lugar espécies tão distintas , adaptadas ao estresse hídrico, intensa radiação solar e altas temperaturas e praticamente intocado quanto a descoberta de produtos biologicamente ativos”.

Depois de avaliar plantas do gênero Combretum, a estudante constatou que a planta brasileira, que pode ser encontrada em cinco estados da região do semiárido (Bahia, Piauí, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte) não produz o mesmo composto da planta-irmã da África, mas produz outras substâncias e compostos que também apresentam atividade anti-câncer. “Interessantemente, fungos endofíticos associados a essas plantas demonstraram ser potentes produtores se substâncias anticancerígenas. As pesquisas foram impulsionadas pela descoberta de possíveis novos compostos com tais propriedades, além de que muitos desses fungos isolados também apresentam atividade antifungicida”, explica Melo.

E em 14 de março foi discutido na Embrapa o uso de sistema de informação geográfica (SIG) para a domesticação e conservação de plantas medicinais sobre o estudo da Mayapple Americana. Esse seminário apresentou a experiência da Professora Rita Moraes, da Universidade do Mississipi, sobre a criação de um banco de dados de Podophyllum peltatum germoplasma com rendimento de drogas no Mississippi para a utilização racional dos nossos recursos naturais.

A distribuição in situ da Mayapple Americana (Podophyllum peltatum L.) foi estudada por meio do SIG com o objetivo de desenvolver um método para analisar fatores bióticos e abióticos que influenciam o rendimento de drogas e mapear os genótipos de elite para a propagação e melhoramento.

A avaliação de campo usou um procedimento padrão, incluindo coordenadas geográficas de cada coleta, a massa de folhas colhidas aleatoriamente, identificação de espécies associados, a coleta de material de herbário, amostra de solo e imagens digitais dos locais. Ao sobrepor dados morfológicos e químicos com informações geomorfológicas, um mapa temático foi criado para localizar os acessos ricos em podofilotoxina com as particularidades de cada local.

Portanto, atividades e protocolos semelhantes aos destes exemplos estão sendo desenvolvidos nesse projeto de cooperação.

0 comentários:

Postar um comentário