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Abaixo-assinado contra agrotóxicos será entregue a Dilma Rousseff nesta quarta

Campanha quer o fim da importação, produção e comercialização do endosulfan, cihexatina e metamidofós, proibidos em outros países.

Por Cida de Oliveira, Rede Brasil Atual
São Paulo – A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida vai entregar hoje (10), em Brasília, um abaixo-assinado pela proibição imediata no país de toda importação, produção e comercialização de agrotóxicos e substancias já proibidas em outros países. São eles o endosulfan (banido em 45 países), a cihexatina (proibida na União Europeia, na Austrália, Canadá, Estados Unidos, China, Japão, Líbia, Paquistão e Tailândia), e metamidofós (vetados, por exemplo, na União Europeia, China, Índia, e Indonésia).

Todos são altamente tóxicos. Segundo estudos, causam danos ambientais e à saúde humana, provocando má formação de fetos, problemas reprodutivos, infertilidade, alterações neurológicas e no fígado, desregulação hormonal, cegueira, paralisia, depressão e ainda contribuem para o aparecimento de diversos tipos de câncer. Esses venenos atingem os agricultores rurais, moradores das regiões próximas às lavouras e a população em geral, que consome esses alimentos contaminados. Recentemente, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) publicou um dossiê virtual que alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde.

 "As mesmas empresas que em seus países de origem acatam a proibição do veneno que produzem, empurram para cá o que lá não podem vender e ainda fazem pressão contra a proibição desses produtos", disse o agricultor Cleber Folgado, da coordenação da campanha.

Segundo ele, pelo sexto ano consecutivo o Brasil lidera o ranking mundial dos maiores consumidores de agrotóxicos. Em 2010, foram comercializados no país  mais de 1 milhão de toneladas, o equivalente a cinco quilos do veneno por habitante. A triste liderança começou entre 2001 e 2008, quando as vendas passaram de US$ 2 bilhões para mais de US$ 7 bilhões. No mesmo período, a área cultivada por alimentos aumentou só 4,59%.

 A coordenação da campanha pretende entregar as mais de 40 mil assinaturas aos componentes da mesa de abertura de seminário que discutirá os avanços e desafios da agricultura familiar nos últimos dez anos. "Queremos chamar a atenção para o fato de que um país que avança em políticas para a agroecologia não pode conviver com venenos proibidos em diversos países", disse Folgado. Conforme ele, o banimento de produtos já banidos no exterior é um primeiro passo para o banimento de todo agrotóxico.

Desde 2011, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida trabalha pela sensibilização da sociedade para os riscos desses produtos e em busca de medidas para banir o uso. Dela participam 50 entidades, entre as quais a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o Instituto Nacional do Câncer (Inca), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), as universidades Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Ceará (UFC), Via Campesina, movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Conselho Federal de Nutricionistas e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).


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