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Azadiractina, uma nova opção no controle de insetos

Por Uemerson Silva da Cunha  e Paulo César Bogorni  

Dentre as estratégias adotadas para minimização dos danos de insetos-praga em hortifrutigranjeiros, o controle químico tem sido a principal,  onde várias pulverizações são realizadas durante seu cultivo. Apesar disso, muitas vezes não se tem obtido a eficácia desejada, devido entre outros coisas, a seleção de populações resistentes aos princípios ativos empregados e à eliminação de populações de inimigos naturais.

Somados a estes, estão os possíveis problemas de intoxicações de  produtores e de  consumidores pelos resíduos dos agrotóxicos utilizados, bem como a contaminação ambiental. Nesse sentido, uma das alternativas que tem se mostrado promissora como componente do manejo integrado de insetos-praga, tais como a traça-do-tomateiro Tuta absoluta (Meyrick) e a mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B, o uso de inseticidas  naturais, predominantemente os oriundos  de  Azadirachta indica  (Meliaceae), planta inseticida de origem indiana comumente denominada nim, cujo principal composto é a azadiractina.

Os insetos tratados ou alimentados com azadiractina apresentam alterações desde a inibição do crescimento, deformações e prolongamento da fase de desenvolvimento até a morte. Nesse sentido, a utilização desse tipo de composto constitui uma alternativa viável para o controle de pragas, principalmente considerando-se que os sistemas de produção sustentáveis requerem a implantação de medidas menos agressivas e que possam ser mantidas por um maior período de tempo como parte do agroecossistema.

No Brasil, alguns trabalhos foram realizados, utilizando-se um produto formulado à base de azadiractina, visando o controle da traça-do-tomateiro e da mosca-branca. Para o controle de traça-do-tomateiro,  verificou-se que concentração do produto formulado a partir de 0,18%  foi suficiente para causar mortalidade superior a 90% das larvas no sexto dia após a aplicação. Já para mosca branca as concentrações de 0,12% e 0,24% provocaram mortalidade de ninfas superiores a 80% e 90% respectivamente, ao 15º dia após a aplicação do produto.

A azadiractina tem seu principal efeito por ingestão, assim sendo, a  mortalidade dos insetos é observada a partir do quarto dia após a aplicação. Apesar de não possuir ação de choque o efeito da  azadiractina sobre larvas e ninfa é imediato, paralisando  a alimentação e levando a morte das mesmas. A ovoposição das fêmeas também é afetada.

Por se tratar de um composto natural, extraído de uma planta, a azadiractina apresenta problemas de degradação havendo a necessidade de que produtos a base desse composto sejam formulados para aumentar a vida de prateleira e apresentarem maior eficiência em condições de campo. Também, por não deixar resíduos nos produtos tratados é um fator a mais de segurança ao consumidor.

Embora diversos produtos a base de azadiractina sejam comercializados no Brasil, esses em sua grande maioria são “óleos” que não apresentam uma garantia mínima desse composto em sua composição, além de outras impurezas. Hoje temos apenas um produto registrado no MAPA a base de azadiractina chamado Azamax® que também tem certificação para uso em agricultura orgânica. A utilização de produtos registrados nos dá não apenas a garantia da concentração do ingrediente ativo mas a segurança de uma melhor  eficácia no manejo das pragas nas lavouras. 

Bibliografia

CUNHA, U.S.; BOGORNI, P. C.; VENDRAMIM, J. D.; GONÇALVES-GERVÁSIO,  R.  C. R. Estimativa de concentrações letais de NeemAzal-TS, formulação à base de nim, para a traça -do-tomateiro Tuta absoluta (MEYRICK) In. Simpósio sobre controle biológico - SICONBIOL, VIII, São Pedro, SP, SEB, p.162, 2003.

LOVATO, B. V.;  VENDRAMIM,  J. D. Estimativa de concentrações letais de  Neemazal-TS, formulação  à  base  de  nim,  para  a  mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.) biótipo  B . In:  XI Simpósio Internacional de Iniciação  Científica  da  USP,  2003,  Piracicaba.  Resumos.  Piracicaba: ESALQ, 2003. v.1. p.56-56.

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