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Entrevista de Romina Lindemann, diretora da Preserva Mundi, no Terraviva

No quadro Conversa Franca do Programa Dia-a-Dia, do Canal Terraviva, a diretora executiva da Preserva Mundi, Romina Lindemann, fala sobre a versatilidade do Neem, e como ele auxilia no controle de doenças e parasitas que atacam o rebanho leiteiro. Confira:

Na Paraíba, agricultora morre vítima de agrotóxicos

Após trabalhar nos plantios de tomate no interior paraibano, mantendo contato direto e intensivo com agrotóxicos, a jovem agricultora Rosália Barbosa de Souza, de 23 anos, grávida e mãe de mais dois filhos, foi vítima de Aplasia Medular.

A reportagem é de Patrícia Ribeiro e publicado pelo portal da Articulação do Semi-árido – ASA, 17-10-2012.

A agricultora Rosália Barbosa de Souza, de 23 anos, morreu no último dia 18 de julho, vítima da doença Aplasia Medular, adquirida após trabalhar por anos no cultivo de tomate em lavouras na região de Cubati, no estado da Paraíba. Grávida, ela manteve contato direto com agrotóxicos e foi vítima de Aplasia Medular, uma doença autoimune que resulta numa anemia profunda comprometendo todos os tipos de células do sangue. O bebê foi salvo por médicos que a acompanhavam no Instituto Materno Infantil (IMIP), no Recife (PE), após indução de parto prematuro.

O pai da agricultora, o senhor Damião Barbosa de Souza, conta que ela apresentou manchas na pele e sangramento na gengiva quando estava grávida do seu terceiro filho. “Ela trabalhou na plantação de tomate e ainda chegou a apanhar tomate. O marido dela também trabalha. Era ela que lavava a roupa dele quando ele chegava. Tudo isso é contato, né? Quando ela ia lavar roupa, chegava a sair aquela água diferente do veneno. Devido ela estar amamentando também, e depois ter engravidado, a imunidade estava baixa, aí ficou mais fácil pra doença”, relatou.

Após seis meses de gravidez, com o estado de saúde agravado, Rosália foi transferida para o IMIP, onde ficou internada e foi submetida a exames. No laudo médico consta como causa da morte Hemorragia pulmonar e aplasia de medula óssea.

“O momento da gravidez é um momento delicado quando o corpo da mulher engendra um enorme esforço para gerar e nutrir um novo ser. A medula óssea é demandada a produzir mais sangue, tanto que é muito comum que as mulheres apresentem anemia leve neste momento. Passa a ser um momento então que a medula estaria mais vulnerável a agressões externas o que poderia ter contribuído para a doença. Por outro lado, os agrotóxicos podem gerar más-formações e até morte do feto”, contou a professora do curso de medicina da Universidade Federal de Campina Grande em Cajazeiras (UFCG/PB), Ana Carolina de Souza Peiretti.

Ainda segundo a docente, a doença faz com que as defesas do corpo passem a atacar as células da medula óssea onde o sangue é produzido. Além do uso de agrotóxicos, medicamentos, radiação, vírus, drogas e agentes químicos também podem causar a toxidade medular.

O companheiro de Rosália, o agricultor Marizaldo Pereira Alves, conta que apesar do nascimento prematuro e das adversidades da gestação, a criança está bem e não apresenta nenhuma complicação.

Iniciativas de enfrentamento

Desde abril de 2011, quando foi lançada a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, movimentos sociais, grupos ambientais e demais organizações tem desenvolvido inúmeras ações de conscientização, enfrentamento e denúncia contra 07 empresas multinacionais, que controlam mais de 70% do mercado de agrotóxicos no Brasil (Monsanto, Syngenta, Bayer, Novartis, Dupont, Basf e Dow), as quais estão diretamente ligadas ao grupo da bancada ruralista no senado.

Embora as ações se depararem com a omissão, negligência e mesmo a conivência do Estado, os movimentos sociais ainda enfrentam o silêncio das grandes mídias sobre questões relacionadas ao problema do uso intensivo e indiscriminado dos defensivos químicos.

O Brasil atualmente é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Por ano, cada brasileiro consome cerca de 5 litros de agrotóxicos. Em consequência desse consumo absurdo de veneno, milhões de pessoas adquirem câncer e morrem anualmente, sem nenhum tipo de repercussão no noticiário da grande mídia.

Além disso, na maioria dos casos de morte em consequência dessas doenças, mesmo com a comprovação de exames clínicos, profissionais de saúde se negam a atestar nos laudos médicos a causa da morte como consequência do uso de agrotóxicos.

Recentemente a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) lançou o dossiê “Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde”, o qual confirma através de evidências científicas diversas doenças resultantes da exposição, contato, uso e consumo de componentes químicos encontrados em diversos grupos de agrotóxicos consumidos no país.

Avanço do agronegócio na região semiárida da Paraíba

A comunidade rural Prainha, do município de Cubati, localizado a 66,5 km de João Pessoa (PB), ainda é caracterizada pela resistência da agricultura familiar. Pequenas propriedades rurais tentam sobreviver em meio à falta de incentivos dos poderes públicos, o que na maioria das vezes força os agricultores e agricultoras a se submeterem as pressões do agronegócio.

Trabalho informal, baixa remuneração e falta de segurança são algumas das dificuldades enfrentadas. Os agricultores e agricultoras trabalham semanalmente, ou de acordo com o período da produção nas plantações de tomate e na mineração. Embora sejam proprietários de terra, ainda assim, são obrigados (pela necessidade financeira) a arrendar suas propriedades para a monocultura à base de agrotóxicos.

Para além do caso de Rosália Barbosa de Souza, que veio a óbito por ter mantido contato permanente com os agrotóxicos enquanto trabalhava na produção de tomate, o descaso do poder público sobre as questões dos direitos trabalhistas vem ocorrendo com frequência em todo o estado. É recorrente os casos de irregularidades jurídicas, exploração, trabalho infantil, acidentes, falta de equipamento de proteção e negligência dos direitos trabalhistas.

Nos casos de arrendamentos de terras, além dos riscos à saúde da terra e das pessoas que permanecem residindo próximas aos plantios, a contratação é feita sem nenhuma segurança, não existe nenhum tipo de documentação ou registro do contrato. Do plantio à colheita, a família fica impedida de, até mesmo, entrar na área cultivada. Ao fim da colheita, após quatro meses, o proprietário da terra recebe a quantia de R$ 1.000,00 (um mil reais) por cada hectare arrendado.

O período de colheita dos tomates envolve toda a comunidade no trabalho. Homens, mulheres, adultos, jovens e crianças são levadas às plantações e recebem, ao fim do dia, cerca de R$ 25,00 pela diária de trabalho.

A mãe da jovem Rosália Barbosa, dona Maria de Sueli Lima Souza, comenta revoltada que mesmo após a morte de Rosália, um de seus filhos continua insistentemente trabalhando nas plantações de tomate. “Eu estou com um menino com o mesmo problema, trabalhando dentro da tomate. Eu já pedi, o pai já pediu pra ele sair, porque eles trabalham sem proteção nenhuma, mas ele não quer atender a gente. Diz que é o ganho que tem, que não pode sair”, revelou.

De acordo com a professora de medicina da UFCG em Cajazeiras/PB, Ana Carolina de Souza Pieretti, aparentemente, este não tem sido um tema de preocupação do Conselho Federal de Medicina. “O órgão que mais tem tomado à frente nestas discussões tem sido a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas ainda apresenta dificuldade em refrear o uso de agrotóxicos pelo grande poder econômico, tanto das empresas produtoras quando do agronegócio”, disse. Na opinião da docente deve haver mais estudos e uma regulamentação mais forte, além da discussão na sociedade de que modelo de produção agrícola é bom para a saúde das pessoas.

Movimentos e organizações sociais ligadas à agricultura familiar camponesa lutam contra o avanço do modelo de desenvolvimento do agronegócio na região semiárida do país. No entanto, a luta ainda é bastante desigual, e se torna inviável garantir o enfrentamento apenas com ações de acompanhamento e assistência técnica às famílias agricultoras. É o que aponta a representante da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), Maria da Glória Batista. “Temos trabalhado com a disseminação de iniciativas, dos cultivos, da criação de animais integrada e valorizando a biodiversidade local no desenvolvimento do semiárido com base na agroecologia, a exemplo do resgate das sementes nativas, dos animais nativos e adaptados, da recuperação, conservação e manejo da biodiversidade local”.

Dessa forma, as manifestações populares tem se tornado um instrumento de enfrentamento com capacidade de chamar a atenção dos poderes públicos e da sociedade, sobre os principais problemas enfrentados no campo. Nesse sentido, as organizações e movimentos sociais cumprem com o papel significativo no processo de articulação e conscientização política. Maria da Glória, acrescenta, ainda, que do ponto de vista político, vem sendo feito um trabalho junto às organizações, com a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e demais campanhas contra qualquer iniciativa voltada para o agronegócio. “Um desafio que surge para todas as organizações desse campo, não só para a ASA, é articular, buscar diálogos e convergências junto às organizações para o enfrentamento ao agronegócio de forma coletiva”, concluiu.

publicado pela IHU On-line, 19/10/2012
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Feira da Agricultura Limpa e Produtos Orgânicos será inaugurada no Parque Ibirapuera

Alimentos agroecológicos, saudáveis e frescos, comercializados a um preço justo, aproximarão produtores e consumidores na 3ª feira deste tipo na cidade.


A Secretaria de Coordenação de Subprefeituras, através da Supervisão Geral de Abastecimento (Abast), em parceria com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente inaugura a Feira da Agricultura Limpa e Produtos Orgânicos no Parque Ibirapuera, a partir do dia 20 de outubro, sábado, das 7 às 13h.

A feira terá barracas representando aproximadamente 200 produtores, com os mais variados tipos de verduras e frutas, frango, cogumelos, grãos, sucos, caldo de cana, pães, bolos, geleias, açaí, sorvetes, castanhas e outras iguarias. O visitante poderá ainda desfrutar de um café da manhã sob as árvores e mudas do Viveiro Manequinho Lopes – com produtos totalmente orgânicos.

Além da diversidade de produtos de qualidade a preços justos, a feira aproximará produtores e consumidores, e será também um espaço para troca de informações sobre cultura, saúde e lazer.

A ação é apoiada por diversas instituições da sociedade civil que trabalham no fomento à agroecologia, agricultura orgânica, biodinâmica e natural, consumo responsável, Economia Solidária e no apoio à Agricultura Familiar, entre elas a AAO - Associação da Agricultura Orgânica, ABD - Associação Biodinâmica, ANC - Associação da Agricultura Natural de Campinas, MOA International do Brasil (Mokiti Okada Association), Movimento Slow Food, o Instituto Kairós – Ética e Atuação Responsável e a COOPERAPAS - Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa de São Paulo.

Todos os alimentos comercializados são produzidos sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos (Programa Agricultura Limpa), e ainda ajudam a preservar os mananciais das Represas Billings e Guarapiranga, responsáveis pela produção de 30% do abastecimento de água da cidade. No município de São Paulo, todos os agricultores envolvidos na ação recebem a assistência técnica da Prefeitura e têm o selo “Guarapiranga Sustentável”, que garante boas práticas agrícolas. Além disso, os produtores contribuem para a preservação da natureza e manutenção do caráter rural das Áreas de Proteção Ambiental Bororé-Colônia e Capivari-Monos.

Feiras da Agricultura Limpa

A Feira do Parque Ibirapuera será a terceira da cidade com produtos isentos de defensivos químicos, sob o controle da Supervisão Geral de Abastecimento. A 1ª delas foi inaugurada em outubro de 2011, e ocorre todos os sábados no Parque Burle Marx, na Zona Sul, com produtos provenientes da região de Parelheiros. A 2ª, inaugurada também no ano passado, acontece aos sábados, em São Mateus, na Rua Maria do Val Penteado.

Programa Agricultura Limpa

O Programa Agricultura Limpa foi criado em 2010 para incentivar a produção agrícola no município de São Paulo e orientar a conversão da agricultura convencional em agricultura orgânica, sem utilização de agrotóxicos ou produtos químicos. Ainda no mês de setembro do mesmo ano, foi criado através de decreto municipal, o Protocolo de Boas Práticas Agrícolas, documento construído em parceria com o Governo do Estado, que dispõe de regras para produção sem geração de danos ao meio ambiente.

Aderindo ao protocolo, os produtores recebem apoio da Prefeitura para converter sua produção e o direito de utilização do Selo de Indicação de Procedência Guarapiranga – a Garça Vermelha – que identifica os produtos procedentes da agricultura paulistana, cultivados segundo as boas práticas agroambientais.

Atualmente a Supervisão de Abastecimento possui um cadastro com mais de 400 produtores agrícolas na cidade. Na Zona Sul, 37 propriedades agrícolas já aderiram ao protocolo de Boas Práticas Agrícolas. Muitos deles já se preparam para obter a certificação de produtores orgânicos, emitida pelo Ministério da Agricultura.

Casas Da Agricultura
Para realizar o trabalho de assistência aos produtores existem as Casas de Agricultura Ecológica – CAE. Instaladas próximo às áreas produtivas da cidade, possuem técnicos especializados para orientar os agricultores sobre práticas e técnicas de cultivo, desenvolvimento dos sistemas agrícolas e comercialização da produção.

Além da prestação de serviço nas unidades das Zonas Sul, Leste e Norte, os profissionais das Casas de Agricultura realizam também visitas individuais nas propriedades, para identificação de pragas e doenças, análise do solo, identificação de problemas nutricionais e correção da adubação e recuperação da mata ciliar.

A CAE Leste está localizada na Av. Imperador, 1900, Tel.: 2280-9200. Os produtores da Zona Norte podem obter os serviços na CAE Norte, na R. da Cantareira, 306 – Torre A – Tel.: 3313-3365, Para os agricultores da Zona Sul, o serviço está disponível na CAE Sul, à Av. Sadamu Inoue, 5252, Tel. 5921-8089


SERVIÇO
FEIRA DA AGRICULTURA LIMPA NO PARQUE IBIRAPUERA
Data: Sábados (a partir de 20/10/12)
Horário: 7h às 13h
Local: Parque Ibirapuera – Viveiro Manequinho Lopes - Portão 7 - Av. República do Líbano, s/n (necessário o uso de zona azul) e 7A - Av. IV Centenário, 1268 (entrada apenas para pedestres)

Workshop - Desafios da Agricultura Orgânica em São Paulo

A SNA – Sociedade Nacional de Agricultura, por meio de seu projeto “Centro de Inteligência em Orgânicos” apoiado pelo Sebrae, e o IEA – Instituto de Economia Agrícola realizam o "Workshop Desafios da Agricultura Orgânica em São Paulo: o que dificulta o seu crescimento?"

O evento será realizado no IEA no dia 25 de outubro de 2012, das 7:30h às 17:00h e irá identificar problemas e propor soluções para orientar ações relacionadas ao desenvolvimento da agricultura orgânica paulista.

O Workshop contará com a apresentação de convidados que abordarão as transformações ocorridas no setor na última década, além da realização de trabalho em grupos, para obter a visão de diferentes segmentos da cadeia de produção orgânica sobre os fatores que dificultam sua expansão no estado.

Mais informações pelos emails:
workshoporganico@iea.sp.gov.br e worshoporganico@gmail.com. 

A inscrição prévia é imprescindível.

DESAFIOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA EM SÃO PAULO:
o que dificulta o seu crescimento?

PROGRAMAÇÃO

 7:30 – Café de boas vindas / recepção dos participantes
 8:30 - Abertura
 8:50 - Apresentação da dinâmica de trabalho
 9:00 - Sistemas-rede/evolução recente: Profa. Maria Sylvia Saes (FEA/USP)
 9:20 - Apresentação de convidados
    Paulo D’Andrea (Microgeo)
    Romeu de Mattos Leite (Fazenda Yamagushi)
    Reginaldo Morikawa (Korin)
    José Roberto Graziano (Secretaria Municipal de Abastecimento)
    Nardi Davidsohn (Quintal dos Orgânicos)
    Ana Flávia Borges Badue (Instituto Kayrós)
    Renato Conceição (MAPA)
    Daniel Schuppli (IMO)
    Luiz Norder (UFSCar)
    Yara Chagas Carvalho (IEA)
11:50 - Intervalo para Almoço
12:50 - Discussão em grupo
15:00 - Plenária – Resultado dos grupos
16:00 - Coffee break
17:00 - Encerramento